sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Doença de Crohn

A doença de Crohn foi descrita pela primeira vez em 1932 pelo Dr. Burril B. Crohn, da cidade de Nova York, como uma inflamação no intestino delgado, que é crônica e deixa cicatrizes na parede intestinal.

Apesar do processo inflamatório poder ocorrer em qualquer porção intestinal, o segmento terminal do delgado (íleo) é preferencialmente afetado.

A doença de Crohn pode manifestar-se em qualquer idade, mesmo em crianças. Entretanto é normal que os primeiros sintomas surjam no adulto jovem.

Crianças com doença de Crohn devem ser tratadas de maneira resoluta e imediata. Se o distúrbio não for diagnosticado, a doença inflamatória não tratada pode desencadear desordens no crescimento, atraso na puberdade e baixo desempenho escolar.

Em princípio, virtualmente todo o trato digestivo pode ser afetado no mal de Crohn, ocorrendo uma variação entre os segmentos intestinais inflamados. Muitas vezes, segmentos sadios intestinais encontram-se intercalados com os afetados.

A inflamação ocorre em todos os compartimentos da parede intestinal: na mucosa, nos músculos longitudinais e transversais da parede e no tecido conjuntivo abaixo da mucosa intestinal. O processo inflamatório provoca alterações nestas estruturas, inclusive nas glândulas intestinais, de tal forma que o intestino vai gradualmente perdendo sua função digestiva.

A absorção dos nutrientes supridos pela alimentação e as secreções intestinais necessárias ao processo digestivo passam a ser danificadas. A inflamação resulta em cicatrizes e um certo espessamento nos segmentos afetados do intestino. Isto torna a luz intestinal mais estreita e impede o transporte do bolo alimentar.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS QUE A DOENÇA DE CROHN APRESENTA?

Em muitos casos a doença desenvolve-se e produz muitos sintomas que não são característicos. Dores estomacais inexplicáveis e diarréia são os primeiros sintomas descritos, entretanto, um súbito ataque com uma aguda e severa dor na "boca do estômago" é também possível. Além da dor, que lembra uma caimbra, diarréias ocorrem na maior parte das pessoas afetadas pela doença. Febre também ocorre irregularmente e os enfermos reclamam de perda de peso e de apetite.

Sintomas inexplicáveis que frequentemente ocorrem no ataque da doença não indicam diretamente a doença de Crohn e podem passar até mesmo anos para que o médico encontre o diagnóstico correto. Evidência de inflmação crônica do intestino pode ser obtida em laboratório de patologia, através de biópsia e pela identificação de sinais de inflamação não específica. O ataque simultâneo de dor abdominal, diarréia e febre, com sintomas em articulações, inflamação na pele ou inflamação recorrente nos olhos também podem ser sinais de Crohn, assim como a presença de fístulas anais. O curso da doença é contínuo. A doença de Crohn é intermitente, sendo interrompida por intervalos mais ou menos longos de pouca ou nenhuma sintomatologia


O PAPEL DO SISTEMA IMUNOLÓGICO

A ciência ainda não sabe qual a exata razão pela qual algumas pessoas desenvolvem o mal de Crohn. Entretanto, existe uma evidência crescente de que a predisposição genética, fatores ambientais e o sistema imunológico possam estar envolvidos.

O aparelho digestivo possui uma superfície de contato muito grande, de aproximadamente 250m2. Esta área é importante para absorção dos alimentos e água ingeridos. Por causa deste contato com substâncias exógenas, o trato digestivo possui um grande número de células do sistema imunológico que, dentre outras funções, defendem nosso organismo da invasão de substâncias estranhas que acompanham os alimentos.

A barreira imunológica mais importante no intestino, é representada por um tipo de imunoglobina, a lg A, que possui funções diferentes da lg G encontrada no sangue.

Estudos científicos têm mostrado que na doença inflamatória intestinal ativa crônica, a proporção entre lg A e lg G, muda a favor dessa última, na parede intestinal. Enquanto a lg A normalmente mantém antígenos distante das paredes do intestino, a lg G não possui esta capacidade, permitindo a ligação de antígenos ao tecido intestinal, podendo contribuir para a inflamação intestinal.

Além disso, a lg G, combinada com antígenos e anticorpos, forma "complexos imunes" que podem ser transportados a outros órgão do corpo causando processos inflamatório distantes do intestino.

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