sábado, 29 de agosto de 2009

Hidatidose policística: cisto hidático calcificado

Equinococose neotropical ou doença hidática
(hidatidose) policística é a infecção devida ao estádio
larvar (hidátide) de duas espécies de cestóides do
gênero Echinococcus: Echinococcus vogeli (Rausch &
Bernstein 1972) e Echinococcus oligarthrus (Diesing
1963). Ambas produzem hidátides de tipo policístico nos
hospedeiros intermediários – espécies várias de
roedores silvestres, principalmente a paca (Cuniculus
paca) e ratos espinhosos (gênero Proechimys),
para E.vogeli, e cutias (gênero Dasyprocta), para
E. oligarthrus. Os vermes adultos se alojam, em geral,
no intestino de carnívoros silvestres (canídeos e felinos).
O homem adquire o parasito acidentalmente e se
comporta, no caso, como hospedeiro intermediário. A
fonte de infecção é, quase sempre, o cão de caça ou o
cão doméstico alimentados, em sítios de caça, com
vísceras de roedores parasitados.
O órgão mais comumente envolvido na hidatidose
policística humana é o fígado, mas hidátides podem
ser também encontradas nos pulmões. O mesentério
é atingido, raras vezes, secundariamente, a partir do
fígado. Alguns cistos podem sofrer involução
espontânea e calcificação: a hidatidose, em pacientes
assim, pouco importando a localização, cursa de forma
assintomática, sendo descoberta por acaso, quando o
cisto é detectado em estudo radiológico, levado a efeito
para outros fins.
A infecção larvar resulta da ingestão de ovos postos
pelos vermes adultos, e que contaminam o solo ao
serem eliminados com as fezes dos hospedeiros definitivos. Os ovos, depois de ingeridos por um
hospedeiro apropriado, abrem-se no duodeno, liberando
os embriões hexacantos (oncosferas), providos de
acúleos ou ganchos. Com o auxílio dessas estruturas,
atravessam os embriões a mucosa e penetram nos
capilares venosos da parede intestinal. Arrastados pela
corrente sangüínea, chegam ao fígado, onde se
implantam. Alguns conseguem atravessar o filtro
hepático, caem na veia cava inferior e são levados aos
pulmões.
Uma vez nos capilares do fígado ou dos pulmões,
transformam-se eles, lentamente, em hidátides – a fase
larvar dos equinococos, estruturas císticas que encerram
os protoscoleces, origem dos futuros vermes adultos. Os
protoscoleces são também armados de ganchos quitinosos,
cuja morfologia é importante para o reconhecimento das
espécies do gênero. Os de E. vogeli medem de 33 a 41mm
de comprimento e têm a lâmina, encurvada, mais longa do
que o cabo (2/3 do total), enquanto os de E. oligarthrus
medem de 26 a 32mm e neles a lâmina e o cabo têm
comprimento quase igual. Por outro lado, os acúleos das
demais espécies de Echinococcus são bem menores – os
de E. granulosus, espécie encontrada no sul do Brasil,
medem de 18 a 22mm3.

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